quarta-feira, 25 de maio de 2011

O PAÍS SEM PONTA

Juanito Trotamundos era um grande viajante. Uma vez chegou a uma cidade onde as esquinas das casas eram redondas e os telhados não acabavam em pontas, mas uma espécie de corcunda suave. No chão havia um roseiral e Juanito colheu uma rosa para colocá-la no bolso da jaqueta.
Enquanto a colhia, se deu conta de que os espinhos não picavam, nem tinham ponta e pareciam de borracha e faziam cócegas nas mãos.
Imediatamente apareceu um guarda municipal e lhe disse sorrindo:
- Não sabia que é proibido colher rosas?
- Sinto muito. não havia pensado nisto!
- Neste caso, somente pagará metade da multa - disse o guarda sorrindo.
Juanito observou que escrevia a multa com um lápis sem ponta e lhe disse:
- Me permite ver sua espada?
- Com muito gosto - respondeu o guarda.
E naturalmente a espada tampouco tinha ponta.
- Mas, que país é este? - perguntou Juanito.
- O país sem ponta. E, agora, por favor, dê-me duas bofetadas - disse o guarda.
Juanito ficou estupefato. E respondeu:
- Pelo amor de Deus, não quero ir para a cadeia por maltratar a um policial! As duas bofetadas, de qualquer maneira, quem deveria recebê-las seria eu.
- Mas aqui não se faz assim - explicou gentilmente o guarda. Por uma multa inteira, quatro bofetas, por meia multa, somente duas.
- No guarda?
- No guarda.
- Mas é injusto! É terrível!
- Oh, claro que é injusto - disse o guarda. A coisa é um tanto odiosa que a gente, para não ver-se obrigada a esbofetear uns pobres inocentes, cuida de não fazer nada contra a lei. Venha, dê-me essas duas bofetadas e outra mais pelo que faz.
- Mas não quero dá-las! Quem sabe um carinho?
- Se é assim - concluiu o guarda, terei que acompanhá-lo até a fronteira.
E Juanito se viu envergonhado de ser obrigado a abandonar o país sem ponta, mas até hoje sonha em poder voltar.

RESPONDA

1. Quais as conclusões que você tira da história?
2. Escreva pelo menos cinco sugestões para que as pessoas possam viver em maior harmonia.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

O MENINO DE CRISTAL

Há uma história popular na Itália que conta:
Era uma vez, em um país distante, um menino transparente. Podia-se ver através de seu corpo como através do ar e da água. Era de carne e osso, mas parecia vidro; mesmo assim, se caía, não se rompia ou quebrava; algumas vezes lhe saía um líquido transparente: podia-se ver bater-lhe o coração e deslizar o pensamento como se fosse peixinho em um aquário.
Uma vez, sem querer, disse uma mentira e imediatamente todo mundo pôde ver algo como um globo de fogo em sua fronte. Voltou a dizer a verdade e o globo desapareceu. Desta maneira, não voltou a mentir o resto de sua vida.
O menino se chamava Jaime e todos o chamavam de "menino de cristal" e o amavam por sua sinceridade e lealdade; junto dele todos eram amáveis.
Jaime cresceu, se fez um homem e qualquer um podia ler seus pensamentos e adivinhar as respostas quando lhe faziam perguntas.
Um dia, naquele país, chegou a governar um ditador feroz. Começou um período de injustiças, abusos e miséria para o povo. Quando alguém se atrevia a protestar, desaparecia sem deixar rastro. Jaime não podia se calar, porque, sem abrir a boca, seus pensamentos falavam em voz alta e qualquer um podia ler em sua fronte a dor pela miséria e a condenação pelas injustiças do tirano.
O ditador o encarcerou no antro mais escuro. E aconteceu que as paredes da cela onde estava Jaime, de imediato, se fizeram transparentes e também as muralhas da prisão. A gente que passava pela prisão podia continuar lendo em sua fronte e no coração de Jaime.
De noite, a cela de Jaime era um foco que expedia uma grande luz, e o tirano, em seu palácio, não podia dormir, mesmo que fechasse todas as janelas.
Encarcerado e privado da liberdade, Jaime era mais poderoso que o tirano, porque a verdade é mais forte que qualquer coisa, mais clara que a luz do dia, mais terrível que o furacão.

RESPONDA

1. Você acha que a verdade sempre aparece com tamanha intensidade? Explique.
2. Acredita que as pessoas sinceras têm mais amigos?
3. Pensa que algo pode parecer verdadeiro e não ser? Dê exemplos.
4. Quem é mais verdadeiro: o adulto ou a criança?
5. Se todos fôssemos como Jaime, como acha que seria o mundo?